O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (4) que é
preciso defender a cultura no Brasil em todas as suas vertentes. Ele participou
da abertura da 4ª Conferência Nacional de Cultura, após mais de 10 anos sem a
realização do evento no país. 

“Nunca mais esse país
entrará na escuridão do fim da cultura porque queremos as luzes acesas”, disse,
lembrando que o Ministério da Cultura foi extinto no governo anterior e
recriado em seu terceiro mandato.
Ele
também ressaltou a necessidade da criação de comitês de cultura em todas as
capitais e disse que o povo deve se apoderar do movimento no país. “Quando
o povo se apoderar da cultura, nenhum presidente poderá ofender a cultura, nem
dizer que a Lei Rouanet é para sustentar vagabundo”, destacou Lula, lembrando
episódios de perseguição do governo anterior a artistas, tentativas de censura
e a paralisação de leis de incentivo ao setor.
A
ministra da Cultura, Margareth Menezes, agradeceu a sensibilidade do presidente
Lula ao recriar o Ministério da Cultura e possibilitar a retomada da
conferência, que, segundo ela, é um direito de todo o setor cultural.
"Agora sim, o Ministério da Cultura está de volta, maior e mais fortalecido".
Com
o tema “Democracia e Direito à Cultura", a conferência vai até a próxima
sexta-feira (8). São esperados mais de 3 mil participantes de todo o Brasil. O
objetivo é debater políticas públicas e definir orientações prioritárias para
assegurar transversalidades nas ações do setor. As propostas aprovadas durante
a conferência vão embasar as diretrizes do novo Plano Nacional de Cultura (PNC), que
norteará a pasta na próxima década.
“A
elaboração do Plano Nacional de Cultura traçará o mapa de percurso do que
queremos: políticas de cultura que sejam acessíveis, transversais e
capitalizadas”, disse a ministra.
O evento é realizado pelo Ministério da Cultura e Conselho
Nacional de Política Cultural (CNPC), em parceria com a Organização dos Estados
Ibero-Americanos (OEI).
Palestina
O
poeta pernambucano Antônio Marinho iniciou o evento declamando dois
poemas destacando o momento histórico do retorno da conferência. Durante
sua fala, ele ergueu uma bandeira da Palestina e gritou: "Viva o povo
palestino livre e soberano", e foi aplaudido de pé por todos os
presentes.
Depois,
o próprio presidente Lula falou sobre o assunto. “Com o tempo, a gente vai
provar que eu estava certo. O povo palestino tem que ter o direito de viver, de
criar o seu país. Você não pode anunciar comida e mandar torpedo, mandar morte
para aquelas pessoas”, disse.
Lula
também comentou a respeito do ato promovido pelo ex-presidente Jair
Bolsonaro, que reuniu apoiadores em manifestação na Avenida Paulista,
em São Paulo, na semana passada. “Aquele ato é de um cidadão que sabe que
fez caca, que sabe que fez uma burrice, que sabe que tentou dar um golpe e que
sabe que irá para a Justiça e que será julgado. E se ele for julgado, ele pode
ser preso e está tentando escapar”, disse.
Participação
A
conselheira nacional de Cultura Daiara Tukano destacou a força da cultura
indígena. “Somos cultura viva e vivemos e morremos defendendo nossa cultura e
expressões culturais que resistem a todo tipo de violência”. Para ela, a
Conferência é um local de escuta e pactuação das demandas para a reconstrução
de um cenário “onde muitas vezes faltam ouvidos públicos atentos para a voz da
sociedade civil”.
A
secretária dos Comitês de Cultura, Roberta Martins, disse que os quase 11 anos
sem a realização do evento trouxeram “desesperança, morte, tristeza e a
destruição do nosso setor”. “Mas também nos mostra que é a democracia o
nosso negócio. O direito à cultura tem que ser compreendido como uma forma de
fortalecer o Estado Democrático de Direito”.
A
abertura da conferência também contou com apresentações de danças tradicionais
e modernas, com os grupos Cria, Raízes da terra, Manifesto Cultural Popular e
Grupo Tchê.
Agência Brasil