Um tumulto envolvendo empurra-empurra de manifestantes, deputados e seguranças suspendeu na noite desta terça-feira a sessão do Congresso para analisar vetos presidenciais e votar o projeto que altera a meta fiscal. A confusão começou quando o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), mandou a polícia do Senado esvaziar as galerias do plenário, e deputados da oposição subiram para dar apoio aos manifestantes.
A decisão de esvaziar as galerias ocorreu quando a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) discursava no plenário da Congresso quando a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse ter ouvido os manifestantes chamar a colega de partido de “vagabunda”. Segundo manifestantes, o grito era, na verdade, “vai pra Cuba”.
Deputados da oposição subiram às galerias, espaço destinado para a população acompanhar as sessões, e tentaram evitar a retirada dos manifestantes. Os deputados Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS) chegaram a empurrar seguranças na confusão. O parlamentar gaúcho disse ter visto um dos policiais legislativos dar "uma gravata" em uma senhora de 79 anos para retirá-la à força.
Enquanto a briga prosseguia nas galerias, deputados discutiam no plenário. "Seu m****", gritou o deputado Amaury Teixeira (PT-BA) para o líder da minoria na Câmara, Domingos Sávio (PSDB-MG).
Chamado de "ditador" pelos manifestantes, Renan deu cinco minutos para os policiais legislativos retirarem as pessoas, mas a confusão durou cerca de uma hora. Com a resistência apoiada por oposicionistas, a sessão ficou suspensa até amanhã, às 10h. "Essa obstrução é única no Parlamento. Vinte e seis pessoas presumidamente assalariadas impedindo os trabalhos do Congresso Nacional", disse Renan.
Para votar o projeto que muda a meta fiscal, o Congresso precisava analisar dois vetos que trancam a pauta. Renan Calheiros não chegou a responder a uma questão de ordem da oposição que pedia a votação do projeto apenas após a contagem das cédulas da análise dos vetos.
Deputado convocou população
O deputado federal Izalci (PSDB-DF) disse ter convocado, em um vídeo no Facebook, a população para se manifestar contra o projeto que permite ao governo economizar menos para pagar juros da dívida pública. Vários manifestantes não conseguiram acessar o plenário, segundo os oposicionistas.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), que não chegou a se envolver na confusão, disse que foi um erro não permitir a participação popular. "Acho que o grave equívoco foi não permitir que as pessoas pudessem participar, como determina o regimento", disse.
Para a deputada Jandira Feghali, os manifestantes eram pagos pela oposição. "Não representam nada nem ninguém", disse.
Fonte: Terra