A Pastoral da Criança está completando, em 2013, 30 anos de trabalho pela vida, saúde e assistência às crianças e gestantes.
O
trabalho da Pastoral da Criança iniciado pela médica sanitarista Zilda
Arns Neumann já se espalhou pelo Brasil e pelo mundo durante as últimas
três décadas.
A
Coordenadora Nacional da Pastoral da Criança, irmã vera Lúcia Altoé, em
entrevista ao A12.com falou sobre as conquistas, os dados atuais e a
expectativa para o futuro do trabalho pastoral.
A12.com - Nesses 30 anos de trabalho, qual é considerada a maior conquista da Pastoral da Criança?
Irmã Vera Lúcia –
A maior conquista da Pastoral da Criança, alcançada por meio da ação de
milhares de voluntários, é sem dúvida ter contribuído para reduzir as
doenças e as mortes infantis no país. Ao longo de 30 anos, a Pastoral da
Criança desenvolveu com sucesso sua metodologia de acompanhamento às
famílias com crianças até seis anos de idade e gestantes em comunidades
pobres. As ações básicas de saúde, complementadas com políticas públicas
adequadas e oportunidades para o desenvolvimento integral da criança,
salvaram milhares de vidas e contribuíram para melhorar a qualidade de
vida das famílias. Ficamos muito felizes, também, em ver que a obra
idealizada pela Dra. Zilda Arns Neumann alcançou reconhecimento em todo o
mundo e hoje se espalha por mais 21 países. Um trabalho realizado
graças ao compromisso e dedicação de milhares de líderes e voluntários,
aos quais sempre estamos agradecendo.
A12.com - Quais os dados atuais sobre o trabalho de combate à mortalidade infantil?
Irmã Vera Lúcia –
A Pastoral da Criança acompanha, por meio de 238 mil voluntários, 1,5
milhão de crianças até 6 anos de idade, 83 mil gestantes e 1,22 milhão
de famílias em 43 mil comunidades de todos os estados do Brasil.
A taxa de mortalidade infantil nas comunidades acompanhadas pela Pastoral da Criança é de 8,8 óbitos para mil nascidos vivos, menor que a média nacional segundo o IBGE (Censo de 2010), que é de 15,6 óbitos por mil nascidos vivos. Também o nível de desnutrição nas comunidades acompanhadas é mais baixo, (1,6%), se comparado à média nacional que é de 2,8%.
A12.com
- O que a Pastoral da Criança considera o maior problema enfrentado
pelas gestantes e crianças no Brasil? Qual seria uma possível solução
para isso?
Irmã Vera Lúcia -
O acesso e a qualidade dos serviços públicos de saúde ainda precisam
ser melhorados em muitos pontos do país. É preciso melhorar, também, a
qualidade do pré-natal e as condições de atendimento na hora do parto.
Muitas comunidades também convivem em condições insalubres, sem
saneamento básico, fator que aumenta o risco de doenças, principalmente
nas crianças. A Pastoral da Criança tem voluntários que atuam como
articuladores junto aos conselhos municipais de saúde, buscando melhorar
o acesso aos serviços de saúde em suas comunidades. Sabemos que há um
esforço em todos os níveis de governo buscando adequar as políticas
públicas às necessidades da população, especialmente as mais carentes,
mas o país ainda precisa avançar mais nesta área.
A12.com - Comemorando os 30 anos da Pastoral, será realizado em Aparecida um congresso. Qual o objetivo desse evento?
Irmã Vera Lúcia – O
Congresso de Aparecida substitui os encontros regionais que a Pastoral
da Criança promove anualmente para avaliar as atividades e planejar as
novas ações empreendidas pelos milhares de voluntários. O congresso vai
reunir cerca de 500 participantes entre coordenadores da Pastoral em
vários níveis, assessores e outros convidados. Também participam 20
representantes da Pastoral da Criança de vários países, entre eles
Filipinas, Angola, Guatemala, República Dominicana, Peru e Paraguai. É
uma oportunidade para fortalecer a missão, atualizar conhecimentos,
trocar experiências e buscar maior compreensão das diversas realidades
existentes no país. As mudanças econômicas e sociais do país, como
também o avanço da novas tecnologias são outras questões para reflexão
no encontro de Aparecida. Vamos debater como agregar as novas
tecnologias ao processo de informação e comunicação para dar mais
agilidade às ações da entidade.
A12.com - A partir desses 30 anos de experiência, qual a expectativa para a evolução do trabalho da pastoral daqui para frente?
Irmã Vera Lúcia -
Com a diminuição do índice de mortalidade infantil na maioria das
cidades, e a desnutrição sob controle no país, os líderes da Pastoral da
Criança enfrentam novos desafios. Os resultados da ação, que no início
da Pastoral da Criança eram imediatos, agora demoram mais para aparecer,
e dependem de muitos fatores que não estão na governabilidade dos
voluntários que atuam na Pastoral da Criança. Nesse sentido, queremos
ouvir as necessidades dos líderes e indicar possíveis soluções para os
pontos de atenção a partir do diálogo e articulação da Pastoral da
Criança com setores da sociedade e de governo para atender com qualidade
as gestantes, crianças e suas famílias.
Já definimos metas prioritárias com ações voltadas para a ampliação do número de crianças a serem acompanhadas; valorização da família, como espaço adequado para o desenvolvimento da criança; ampliação do projeto de vigilância nutricional iniciado em 2010 para a prevenção da obesidade infantil; e campanha sobre a influência dos mil dias (inclui período da gestação até os dois primeiros anos de vida da criança). Os cuidados adequados na fase inicial da vida podem evitar o desenvolvimento de doenças crônicas na idade adulta.
Redação Portal A12
Valquíria Vieira