A CF é realizada anualmente pela Igreja Católica, desde 1964, durante o tempo da Quaresma. A abertura ocorre na Quarta-feira de Cinzas, 22 de fevereiro no início da Quaresma e segue até o dia 31 de março, e para esta 59ª edição com o tema escolhido foi Fraternidade e Fome e o lema, “Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14,16), incentiva as comunidades a assumir suas responsabilidades ante a situação da fome que persiste no Brasil.
Pela terceira vez em 2023 a Campanha da Fraternidade trata do tema da fome. Já o fez em contextos diversos, como eram os de 1975 e 1985. Desta vez, iluminada pela perícope evangélica de Mt 14,13-21 e, em especial, pelo imperativo jesuânico: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) faz eco às palavras do Papa Francisco:
O Objetivo Geral da CF-2023 é “sensibilizar a sociedade e a Igreja para enfrentarem o flagelo da fome, sofrido por uma multidão de irmãos e irmãs, por meio de compromissos que transformem esta realidade a partir do Evangelho de Jesus Cristo”.
A fome é um poderoso instinto natural de sobrevivência, presente em todos os seres animados. “É um fenômeno biológico que aciona uma sensação passageira de desconforto, um sinal breve do corpo, que indica a hora de comer”.
As causas do escândalo da fome no Brasil6 são inúmeras: partem da estrutura fundiária injusta, marcada por uma perversa distribuição da terra desde a colonização portuguesa e vão até uma maléfica política agrícola que subjuga o sistema produtivo ao sistema econômico-financeiro, subsidiando prioritariamente a produção de commodities à produção de alimento saudável para a mesa do povo brasileiro.
A agricultura familiar, responsável por 75% do alimento que vai para a mesa das pessoas, recebe cada vez menos investimentos e sofre cada dia mais com a burocratização. Não podemos nos esquecer da precarização da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), promovida pela Lei 13.467 de 2017, que prometia uma enxurrada de empregos, mas só trouxe desemprego e aumento do trabalho informal. No que diz respeito à fome, não é só necessário matar a fome ao faminto, mas, sobretudo emancipá-lo e, para isso, o trabalho e o emprego dignos são fundamentais.
Outro elemento digno de nota é a perversidade das políticas salarial e fiscal em nosso país: um salário-mínimo miserável que não contou com reajustes reais nos últimos anos e um conjunto de impostos que pesa nos ombros dos mais fracos. Nesse contexto, transferência de renda é fundamental, embora não seja suficiente. “É preciso valorizar o salário-mínimo, promover o emprego, redistribuir a terra”.
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