Um dos maiores traficantes de armas do mundo deixou a cadeia
no Rio pela porta da frente – e por meio de uma fraude.
João Filipe Barbieri fez uso de um alvará de soltura
falso para deixar a penitenciária de Bangu, onde estava preso desde 2017, condenado
a 27 anos de prisão por associação para o tráfico e tráfico
internacional de armas, como mostrou o RJ2.
João é enteado de Frederick Barbieri – considerado o "Senhor
das Armas" e que está preso nos Estados Unidos – e é acusado de ser um dos
principais integrantes da quadrilha que, segundo as investigações da Polícia
Federal, enviou milhares de fuzis para o Brasil em aquecedores de piscina.
A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) confirmou a
saída de João Barbieri da prisão em 18 de novembro de 2020, apenas três
anos depois de começar a cumprir a pena.
A denúncia da saída de Barbieri chegou ao desembargador
Marcelo Granado, relator do caso na Justiça Federal. No mês passado, ele pediu
explicações à Seap sobre a situação penal de João Filipe Barbieri e outro preso
– João Victor Roza.
Na semana passada, a Seap respondeu à Justiça confirmando a
saída dos dois. Segundo um ofício da Justiça, João Barbieri teve prisão
revogada no dia 18 de novembro e João Victor Roza recebeu um alvará de soltura
no dia 14 de outubro.
Na segunda-feira (9), a Seap enviou um novo ofício à Justiça
Federal confirmando que João Filipe Barbieri e João Roza estão libertados. A
secretaria incluiu os números dos alvarás de soltura, mas não anexou os
documentos. A secretaria afirmou apenas que os alvarás foram concedidos pela 8ª
Vara Federal Criminal.
Segundo o advogado criminalista Afonso Destri, a 8ª Vara não
poderia liberar Barbieri porque o processo não está mais na primeira instância:
“A partir do momento que o processo é submetido à análise do tribunal, o
magistrado de 1ª instância não pode mais prestar jurisdição. Alguma coisa está
faltando nessa história”, explicou.
Na tarde desta terça (9), a Justiça Federal confirmou que não
deu nenhuma decisão para soltar Barbieri e que o alvará de soltura é falso. O
desembargador Marcelo Granado, relator do caso na Justiça federal, afirmou que
irá cobrar explicações do Ministério Público e da Seap.
O desembargador federal ordenou o cumprimento imediato das
prisões de João Filipe Cordeiro Barbieri e João Victor Silva Roza.
A Seap informou que está apurando o caso.
Leslie Leitão, Bruno Sponchiado e Eduardo Tchao, RJ2