O Senado
aprovou ontem (4) a Medida Provisória (MP) 998/2020, chamada de MP do Setor
Elétrico. O texto destina recursos à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE)
para redução da tarifa de energia elétrica aos consumidores até 31 de dezembro
de 2025. Ela havia saído da Câmara em meados de dezembro, às vésperas o início
do recesso parlamentar, com alterações e agora segue para sanção
presidencial.
A CDE é um
fundo do setor elétrico que custeia políticas públicas e programas de subsídio,
como a Luz para Todos e o desconto na tarifa para irrigação. Os recursos que
vão para a CDE são originalmente destinados à aplicação em pesquisa,
investimento e inovação.
A medida
destina recursos da Reserva Global de Reversão (RGR) e da CDE para atenuar
aumentos tarifários para os consumidores das distribuidoras da Eletrobras
recém-privatizadas: Amazonas Distribuidora de Energia S.A., Boa Vista Energia
S.A, Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), Companhia Energética de Alagoas
(Ceal), Companhia Energética do Piauí (Cepisa), Centrais Elétricas de Rondônia
S.A (Ceron) e Companhia de Eletricidade do Acre (Eletroacre).
A Câmara alterou regras para permitir não apenas a
contratação de energia pelas distribuidoras, mas também a contratação de
potência, que é a energia para as horas de maior consumo. A partir de agora
também está permitida a devolução da energia comprada pelas distribuidoras e
não utilizada. A Câmara ainda incluiu dispositivos para estimular a competição
nos leilões de geração de energia e incluiu mais setores como beneficiados por
investimentos em eficiência energética, restritos inicialmente à indústria.
A matéria
não era um consenso no Senado. Senadores de oposição contestaram alguns dispositivos
da matéria. O líder do PT na Casa, Jean Paul Prates (PT-RN), criticou a
retirada de verba da ciência e tecnologia para prestar essa ajuda. O senador
também apontou incoerência de concessionárias de energia ao buscarem ajuda
financeira do Estado.
“Já houve
socorro, MP 950, R$ 16 bilhões liberados de empréstimo para o setor elétrico.
Várias dessas empresas foram privatizadas. O que me incomoda não é o Estado
ajudar essas empresas. O que me incomoda é que pessoas que são ajudadas depois
saem bradando a favor do Estado mínimo". afirmou Jean Paul.
O relator da
MP no Senado, Marcos Rogério (DEM-RO), defendeu o disposto na medida e
votou favoravelmente ao texto. “As privatizações das distribuidoras da
Eletrobras envolveram o reconhecimento de alguns custos por parte da
Aneel e do Ministério de Minas e Energia e a postergação do pagamento de
outros pelos consumidores”, afirmou em seu texto. Para ele, a MP acerta em usar
RGR para reduzir a Base de Remuneração Regulatória das empresas que, segundo
ele, aumentou “consideravelmente” após a privatização.
Segundo
Marcos Rogério, a MP protegeu o consumidor ao dar isenção de pagamento de
empréstimos às empresas. “Sem essas medidas, os consumidores dessas empresas
seriam punidos pela demora do Estado em dar uma solução definitiva para as
concessões das quais as distribuidoras da Eletrobras eram titulares”.
Como a MP
estava prestes a perder a validade, o que ocorreria no próximo dia 9 de
fevereiro, senadores decidiram retirar emendas e destaques. Apenas um destaque,
do PT, foi votado e rejeitado. O motivo da aprovação sem alterações se deu,
principalmente, pelo tempo curto disponível. Não haveria tempo hábil para uma
nova alteração voltar à Câmara e ser votada lá. Para não prejudicar os pontos
considerados mais importantes, o texto foi aprovado como chegou ao Senado.
Agência Brasil