Em razão das críticas feitas ao presidente Michel Temer,
o general Antonio Hamilton Martins Mourão foi afastado da chefia da
Secretaria de Economia e Finanças do Exército. Em palestra dada na
quinta-feira no Clube do Exército, em Brasília,
Mourão afirmou que Temer vai conduzindo seu mandato aos trancos e
barrancos, se equilibrando graças a um balcão de negócios. Por ser
presidente da República, Temer é superior hierárquico de Mourão. O
general já havia pedido intervenção militar anteriormente.
Na
palestra, Mourão também demonstrou simpatia pela candidatura a
presidente do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Ele é o mesmo general
que, em setembro, já tinha citado a possibilidade de o Exército o
“impor” uma solução para crise política brasileira.
—
Esses cenários foram colocados há pouco aí pela imprensa. Não há duvida
que atualmente nós estamos vivendo a famosa ‘Sarneyzação’. Nosso atual
presidente, ele vai aos trancos e barrancos, buscando se equilibrar, e,
mediante um balcão de negócios, chegar ao final do seu mandato – disse
Mourão durante o evento.
Na
palestra, intitulada “Uma visão daquilo que nos cerca”, o gerneral
destacou que falaria a opinião dele. Disse que irá para a reserva em 31
de março de 2018. Coincidência ou não, a data é a mesma do golpe militar
de 1964. Também não descartou a possibilidade de disputar algum cargo
eletivo futuramente. Além de apoiar Bolsonaro, disse acreditar que a
Justiça vai barrar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em 2018. Em setembro, o general apontou a possibilidade uma
intervenção militar, não sendo repreendido pelos seus superiores na
época.
—
Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do
Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em
todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso — disse Mourão em
setembro.
Na última quinta-feira, indagado durante a palestra se defende a intervenção militar, Mourão desceu um pouco o tom:
—
Se o caos for instalado…O que chamamos de caos? Não mais o ordenamento
correto. E se as forças institucionais entenderem que deve ser feito um
elemento moderado e pacificador, agindo dentro da legalidade. Tempos
atrás fui incompreendido – disse Mourão, concluindo: – Estamos,
Exército, Marinha e Aeronáutica, atentos para cumprir a missão. O caos é
o momento. Ou anteciparmos ao caos e não esperar que tudo se afunde.
Por enquanto, nós consideramos que as instituições têm que buscar fazer a
sua parte.
O Globo