Depois de o
Brasil conhecer
o caso de Miguel, o bebê que nasceu sem os membros, a pequena Vitória,
que mora no município de Reriutaba, a 300 km de Fortaleza, mostra que
ele não está sozinho.
A bebê de 4 meses nasceu na zona rural do
município de Reriutaba, no distrito de Sombrio, com 9 meses e 15 dias,
saudável e distribuindo sorrisos.
Sua mãe, Naíde de Sousa, de 18
anos, conta que descobriu a situação de Vitória ainda durante a
gestação. “Com 6 meses, fiz um ultrassom de rotina na Santa Casa da
Misericórdia de Sobral, e o médico disse que ela não tinha os braços nem
as pernas. Eu não acreditei, as pessoas diziam para eu crer no médico,
mas eu duvidava. Só acreditei quando eu vi, no dia que ela nasceu”.
Naíde
namorava com o pai da criança, Rafael Lopes de Azevedo, de 23 anos,
havia dois meses e planejavam ter filhos. “Quando ela nasceu, eu só
consegui sentir muita alegria”. Segundo ela, o médico a explicou que,
apesar as dificuldades, Vitória teria muita saúde.
Morando
próximo aos avós paternos e maternos, Vitória é amada por toda a
família. Rafael, o pai da criança, trabalhava como agricultor, e
atualmente está desempregado pela falta d’água na região. “Construímos
nossa casa no terreno dos pais dele, e agora moramos nós três juntos.
Ele acompanha Vitória em tudo, está sempre presente”, conta a mãe. A
família sobrevive de ajuda da família, amigos e desconhecidos.
“Como
nunca tinha acontecido isso aqui na cidade, muita gente tirava foto da
Vitória e colocava na internet, até que as pessoas foram conhecendo e
querendo ajudar”.
SolidariedadeAtravés
do caso do Miguel, a microempresária Julianna Cordeiro conheceu Vitória.
“Visitei o Miguel, e a tia dele me disse que tinha o caso parecido com o
dele de uma criança no interior”. Julianna conta que buscou na internet
o contato da menina, e através da avó paterna de Vitória, conseguiu
conhecer um pouco mais sobre a família.
“Eu e minha irmã,
Germana Chaves, divulgamos o caso em nossas redes sociais, pedindo
doações para a família. Fizemos uma pequena campanha e algumas pessoas
logo se manifestaram”. Julianna e um pequeno grupo conseguiram doações,
desde produtos básicos até auxilio na reforma da casa da família, mas
aponta que a maior dificuldade é levar Vitória para o tratamento médico
quinzenal.
No Instituto Primeira Infância (Iprede) a menina
recebe tratamento pediátrico, genético, nutricional e psicológico.
Segundo a mãe, a maior necessidade é ter um transporte que leve a
família a Fortaleza para que o tratamento seja feito com sucesso.
Qualquer
tipo de ajuda é bem vinda, conta Julianna, que conheceu de perto a
situação da família. “Para pessoas de Fortaleza que desejam enviar
doações, podem entrar em contato comigo, que combinamos uma forma de
recolhê-las em diferentes pontos da cidade e levar para a família”. Os
interessados devem entrar em contato através de ligação ou Whatssap para
o número (85) 9-8760-6416.
Entre as doações de fraldas e cestas
básicas, estava um livro “Uma Vida Sem Limites – Inspiração Para Uma
Vida Absurdamente Boa”. O autor é Nicki Vujic, um australiano nascido
sem pernas e braços devido a rara síndrome tetra-amelia. No livro ele
conta sobre suas dificuldades e superações de vida, o que serviu de
inspiração para toda a família.
“Através do livro do Nicki que a
Vitória recebeu para ler quando estiver maior, a gente pode ter uma
ideia das dificuldades, ver que quando ele era criança, muitas pessoas
chamaram ele de aberração, mas hoje em dia ele superou tudo isso, e tem
até família”.
Mas não precisa ir tão longe para conhecer alguém
inspirador. Vitória e sua família conheceram o Miguel pessoalmente.
“Fiquei muito feliz quando eu vi o Miguel. Vi que não tem só a Vitória
assim no mundo. Tem outra pessoa igual a ela, e eles podem se conhecer
direto quando crescerem”.
Fonte: Tribuna do Ceará