Entre
2019 e 2023, o câncer, em suas diferentes formas, matou 18.052 pessoas no Rio
Grande do Norte. O número é quase o dobro de vítimas fatais da covid-19, por
exemplo, que levou 9.327 pessoas à morte, de 2020 até o início de 2025, de
acordo com dados do Ministério da Saúde. O câncer de pulmão foi o que mais
matou pacientes acometidos com a doença do RN, representando 13% dos óbitos
(2.264 mortes), seguido pelos cânceres de mama e próstata (8% cada), estômago
(7%) e cólon e reto (6%).
Os
números estão no “Boletim Epidemiológico do Câncer”, elaborado pela Secretaria
de Saúde do Estado (Sesap/RN), que oferece uma análise do cenário da doença ao
longo desse período específico no RN. O documento aponta que o aumento de
mortes por câncer foi proporcional entre os sexos, subindo 4% nos cinco anos,
mas com predominância no público masculino (51%).
A
faixa etária mais afetada foi a partir dos 60 anos, concentrando 71% dos
óbitos. Entre os homens, o câncer de próstata foi responsável por 16% das
mortes, seguido pelos cânceres de pulmão (13%), estômago (9%) e esôfago (6%).
Nas
mulheres, o relatório destaca o considerável crescimento no número de mortes
causadas pelo câncer de mama em todos os anos analisados, com um aumento de 25%
em 2023 comparado a 2019. Esse tipo de câncer representa 16% do total, seguido
pelos cânceres de pulmão (12%), colo de útero 7%, cólon/reto (6%), e estômago
6%.
A
6ª Região de Saúde (Pau dos Ferros) apresentou as maiores taxas de mortalidade,
com aumento de 12% em 2023 em relação a 2019, enquanto a 5ª e a 2ª Região de
Saúde (Santa Cruz e Mossoró, respectivamente) apresentaram uma discreta
diminuição na taxa de mortalidade em comparação com 2019 (-1,8% e -2,5%).
Já
a 7ª Região (Metropolitana) registrou as menores taxas de óbito, mas tem a
maior taxa de incidência de câncer. O relatório aponta que esse resultado pode
estar relacionado à melhor estrutura e acesso aos serviços de saúde na região,
de modo que se consegue diagnosticar mais e tratar a doença com melhor
estrutura.
Quanto
à incidência, entre 2019 e 2023, foram 53.480 casos de câncer registrados no
RN, com uma predominância de 56% dos casos no sexo feminino (30.196 registros)
em comparação aos 44% no sexo masculino (23.284 casos). A diferença reflete um
cenário de maior impacto da doença nas mulheres ao longo do período analisado.
A
incidência geral de câncer apresentou aumento significativo, passando de 287,8
casos por 100 mil habitantes para 329,7 no sexo masculino e de 325,3 para 430,6
no sexo feminino. O ano de 2020, início da pandemia de covid-19, registrou as
menores taxas, possivelmente influenciado pela redução no acesso aos serviços
de saúde e, consequentemente, a menos diagnósticos.
Entre
os tipos de câncer mais frequentes, destacam-se o câncer de mama entre as
mulheres, com 8.047 registros (27% do total), seguido pelo câncer de colo do
útero (8%), neoplasias de tecidos conjuntivos (6%), estômago (5%) e cólon e
reto (4%). Nos homens, o câncer de próstata liderou as ocorrências, somando
3.226 casos (14%), seguido pelo câncer de estômago (11%) e de tecidos
conjuntivos (9%), cólon e reto (5%), brônquios e pulmões (4%).
A
maior incidência foi observada em pessoas entre 60 e 69 anos (24%), seguidas
pela faixa dos 50 a 59 anos (22%). Crianças e adolescentes de 0 a 19 anos
representaram apenas 2% do total de casos registrados no período.
Região
de Mossoró teve a menor incidência
Regionalmente,
a 7ª Região de Saúde (Metropolitana) apresentou as maiores taxas de incidência
em 2023, com um crescimento de 25% em relação a 2019. A menor incidência foi
registrada na 2ª Região (Mossoró).
O
relatório da Sesap destaca a importância de fortalecer as políticas públicas
para a prevenção e combate ao câncer no Rio Grande do Norte. As ações incluem
programas de conscientização sobre hábitos de vida saudáveis, combate ao
tabagismo e ao alcoolismo, incentivo à atividade física e alimentação
balanceada.
Também
aponta que é necessário ampliar os exames de rastreamento, como mamografia e
colonoscopia, com foco na população acima dos 60 anos. A Sesap reforçou, ainda,
a importância de fortalecer a atenção primária, melhorar a infraestrutura das
regiões mais carentes e capacitar continuamente os profissionais de saúde para
o diagnóstico e tratamento precoce da doença.
Tribuna
do Norte