O
presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (2) que o ministro
responsável pela economia terá a autonomia necessária, mas é preciso lembrar
que ele foi o eleito e que o governo tomará decisões que beneficiem os mais
necessitados.

“As
pessoas têm que saber que ganhei essas eleições para governar para as pessoas
mais humildes desse país”, disse Lula na primeira entrevista coletiva que
concedeu na sede do governo de transição, no Centro Cultural Banco do Brasil,
em Brasília, desde que foi eleito. Em virtude disso, o presidente afirmou que
as maiores decisões na área econômica terão sempre sua participação.
Uma
das medidas destacadas por Lula na área econômica como inegociável é o aumento
real do salário mínimo atrelado ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB),
política que já vigorou nos governos petistas anteriores. “Não adianta o PIB
crescer 10% e o povo não participar disso”, disse o presidente eleito.
Ministros
Lula
disse já tentar “80% do ministério na cabeça”, mas que só anunciará nomes após
ser diplomado como presidente, em solenidade marcada para 12 de setembro no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Ele confirmou contudo que a Esplanada deverá voltar a ter mais
de 30 ministérios.
“A
base do meu ministério será a base que eu tinha no meu segundo mandato,
acrescido do Ministério dos Povos Originários”, disse Lula. “A gente precisa
dar um sinal de respeito à população indígena que vive no nosso país”, disse.
Outra mudança definida pela equipe de transição é voltar a dividir a pasta de
Economia em duas, retornando os ministérios da Fazenda e do Planejamento.
Outra
confirmação feita por Lula foi a de que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann,
não será ministra. Durante a coletiva de imprensa, ela esteve a todo momento ao
lado do presidente eleito. Lula disse que a decisão é um reconhecimento pelo
trabalho que ela vem desempenhando na liderança da sigla. “Ser presidente desse
partido hoje é tão ou mais importante do que ser ministra”, disse.
Lula
disse também que ainda deverá conversar com partidos menores e representantes
de setores da sociedade que apoiaram sua eleição antes de anunciar o gabinete
ministerial.
PEC
da Transição
O
presidente eleito mostrou-se confiante na aprovação da Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) enviada ao Congresso na segunda-feira (28) para modificar o
orçamento. O texto propõe, por exemplo, a retirada do teto de gastos do
benefício de R$ 600 do programa Auxílio Brasil, que deverá voltar a se chamar
Bolsa Família.
“O
que me interessa é a PEC que nós mandamos e já foi conversada com várias
lideranças, com os presidentes do Senado e da Câmara”, disse Lula ao ser
questionado sobre o que poderia ser concedido pela aprovação do texto atual.
“Se precisar negociar, nós sabemos fazer acordo”.
Lula
negou que esteja sendo incluído no texto a previsão de liberação de emendas do
chamado “orçamento secreto”, rubricas individuais inseridas no Orçamento por
parlamentares, mas que não trazem a identificação de quem foi o autor da
projeto que resultou nos gastos. O presidente eleito disse ser a favor de
emendas parlamentares, desde que tenha transparência e estejam de acordo com as
diretrizes orçamentárias e as conveniências políticas do governo. “Do jeito que
está não pode ficar, acho que todo mundo está convencido disso”, afirmou.
O
presidente eleito também buscou tranquilizar os beneficiários do atual Auxílio
Brasil, após o governo de transição identificar a inclusão atípica de milhões
de beneficiários no programa a dois meses da eleição. Ele confirmou que uma
revisão será necessária. “Quem realmente necessita pode ficar tranquilo”,
disse. “Se tiver uma bomba armada nos somos especialistas em desarmar bomba,
não vamos deixar bomba explodir”.
Após
a coletiva, Lula seguiu para São Paulo, de onde assistirá à partida do Brasil
contra Camarões pela primeira fase da Copa do Mundo.
Agência Brasil