A
Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (4), por 449 votos a
12, a criação do piso salarial de enfermeiros, técnicos de
enfermagem e parteiras (PL 2564/20). A proposta deve seguir para sanção
presidencial, mas ainda depende de acordo sobre fontes de financiamento.
“Conforme
assumido com a enfermagem brasileira, não será na semana que vem que este
projeto seguirá para sanção presidencial, mas sim tão logo garantirmos o
respectivo financiamento”, disse a relatora da proposta, deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC).
A
deputada informou que o piso salarial somente irá à sanção presidencial após a
votação da PEC 122/15,
do Senado, que proíbe a União de criar despesas aos demais entes federativos
sem prever a transferência de recursos para o custeio.
Piso
aprovado
O
projeto aprovado pelos deputados define como salário mínimo inicial para os
enfermeiros o valor de R$ 4.750, a ser pago nacionalmente pelos serviços de
saúde públicos e privados. Nos demais casos, haverá proporcionalidade: 70% do
piso dos enfermeiros para os técnicos de enfermagem; e 50% para os auxiliares
de enfermagem e as parteiras.
O
texto prevê ainda a atualização monetária anual do piso da categoria com base
no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e assegura a manutenção de
salários eventualmente superiores ao valor inicial sugerido, independentemente
da jornada de trabalho para a qual o profissional tenha sido contratado.
A
votação da proposta foi acompanhada de perto por representantes da categoria,
que também participaram pela manhã de uma sessão solene no Plenário em
homenagem à Semana Brasileira da Enfermagem.
Carmen
Zanotto estimou que a proposta tem impacto de R$ 50 milhões ao ano na União,
mas não calculou os gastos dos entes públicos e do setor privado. Ela afirmou
que o Congresso vai viabilizar recursos para garantir o piso salarial.
“Já
tramitam nas duas Casas diversas propostas que ampliam receitas ou desoneram
encargos; além da ampliação de recursos a serem repassados pelo Fundo Nacional
de Saúde para reforçar as transferências aos entes federados”, explicou.
Carmen
Zanotto destacou que a pandemia de Covid-19 evidenciou ainda mais a importância
de valorizar os profissionais de saúde. “A enfermagem, juntamente com outros
profissionais de saúde, esteve na linha de frente no combate à transmissão da
Covid-19, arriscando a própria a vida, e participa ainda de forma efetiva na
vacinação dos brasileiros”, afirmou.
Mobilização
O
deputado Bohn Gass
(PT-RS) ressaltou que é necessário manter a mobilização dos
enfermeiros para garantir que não haja veto do presidente da República. “Esta
mobilização precisa continuar para que, votado no dia de hoje, o piso para a
enfermagem não tenha por parte de [Jair] Bolsonaro o veto, já que Bolsonaro tem
vetado questões importantes”, disse.
O
líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR),
destacou que o governo está empenhado em buscar fontes de financiamento para o
piso salarial e que uma opção pode ser a legalização dos jogos de azar no País.
“São
R$ 16 bilhões que estão aguardando a fonte de recursos, e nós estamos
trabalhando demoradamente e insistentemente na busca de recursos para garantir
que as conquistas sejam efetivas”, declarou.
Voto
contrário
O
projeto teve o voto favorável da ampla maioria da Casa. Apenas o Novo declarou
voto contrário. O líder do partido, deputado Tiago Mitraud (MG),
criticou a proposta por ter alto impacto orçamentário.
“Este
projeto vai acabar com a saúde brasileira porque vamos ver as santas casas
fechando, leitos de saúde fechando e os profissionais que hoje estão aqui
lutando pelo piso desempregados porque os municípios não conseguirão pagar esse
piso”, afirmou.
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Fonte: Agência Câmara de Notícias