Stella Souza, uma das vítimas
do desabamento de falésia na praia de Pipa nesta terça-feira (17), tentou
proteger o filho no momento do acidente. Ela foi encontrada abraçada ao bebê de
7 meses, segundo testemunhas. O marido de Stella, Hugo Pereira, de 32 anos,
também morreu soterrado no local, um dos principais destinos turísticos do Rio
Grande do Norte.
O empresário náutico Igor Caetano testemunhou o acidente e
tentou socorrer as vítimas. Ele contou que a mãe abraçou o filho na tentativa
de protegê-lo.
"Ainda deu
tempo de a mãe tentar segurar a criança, por isso que os adultos estavam mais
machucados, porque a mãe estava abraçada com ele [o bebê]."
"A gente cavou até encontrar o pai, e depois encontramos
a mãe e a criança. O menino ainda estava respirando. Por coincidência, uma
médica estava passando aqui na hora. Ela tentou reanimar a criança, mas não
teve mais jeito", disse Caetano.
Na hora do acidente, o casal e o bebê estavam sentados perto
da falésia – o cachorro da família também morreu soterrado.
João Marinho, primo de Stella, contou que, quando a equipe de
resgate chegou ao local, já encontrou a família sem vida
"Eu sou
nascido e criado aqui e sempre aconteceu isso, mas cada vez mais o mar está
destruindo a falésia. A gente vê os turistas aproveitando a sombra das falésias
e pede pra eles saírem porque a gente sabe do risco", afirmou ele, que é
pescador.
Conforme as marés enchem e atingem a falésia, sua base vai
sendo desgastada, o que deixa a parte de cima mais vulnerável a desabamento.
Pipa é um distrito de Tibau do Sul, que fica a cerca de 100 km
de Natal. Além das praias, o local é conhecido por festivais culturais e
gastronômicos.
Placas levadas pela maré
De acordo
com a prefeitura de Tibau do Sul, placas com alerta do risco de desabamento são
colocadas constantemente na região, mas logo são levadas pela maré cheia.
O secretário
de Comunicação do município, Fábio Pinheiro, disse que, pouco antes do
acidente, o casal foi alertado dos riscos por um fiscal
da prefeitura.
A
Prefeitura de Tibau do Sul sabia dos riscos de desabamento das falésias. Os
perigos do trecho já haviam sido alertados em recomendações feitas pelo Ministério
Público Federal do RN (MPF-RN). Uma delas fez com que o Município contratasse
uma equipe de profissionais para mapear as áreas de maior ameaça.
Antes da
pandemia, Pipa recebia em média 7 mil pessoas por dia na alta temporada,
segundo a prefeitura. O uso da praia não foi proibido durante a pandemia, e não
há estimativa do público que tem frequentado o local nesse período.
Por Fernanda Zauli e Juliane Barreto, G1 RN e Inter TV
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