Investigadores
que estão atuando na Operação Luz da Infância 7, deflagrada nesta sexta-feira
(6) com a participação de polícias civis de 10 estados, e com frente de ações
em outros quatro países, disseram que, entre os presos, há um que tinha, em uma
cidade de São Paulo, um estúdio onde eram produzidos conteúdos de abuso e
exploração de crianças e adolescentes.
Até o momento 49
pessoas foram presas em flagrante. Só em São Paulo foram 29 prisões. Em Santa
Catarina foram oito; no Paraná, quatro; e no Pará, três. Alagoas, Goiás, Mato
Grosso, Rio de Janeiro e Rio Grande dos Sul tiveram, cada um, uma prisão em
flagrante.
Segundo o
coordenador de operações cibernéticas da Secretaria de Operações Integradas
(Seopi) de São Paulo, Alesandro Barreto, o número de presos deve aumentar até o
final do dia, com as diligências que estão sendo realizadas na busca da
materialidade desses crimes.
Entre as
apreensões há R$ 160 mil em espécie, apreendidos na cidade mineira de Unaí;
armas de fogo; veículos e motos de luxo, inclusive uma Land Rover. Também foi
sequestrado um imóvel que, segundo Barreto, está avaliado em R$ 300 mil.
Buscas e
apreensões estão sendo feitas também na Argentina (províncias de Santa Fé,
Entre Rios, La Pampa, Formosa, Mendoza e Missiones), Paraguai (Cidad del Este e
Assunción) e nos Estados Unidos ( Knoxville, Nashville, Dallas, Raleigh e
Pittsburgh).“Esse tipo de investigação precisa conectar pontos para ser eficaz.
Em tempos de interconectividade, as informações trafegam muito rápido. Por isso
os policiais precisam se conectar entre si. Muitos criminosos utilizam serviços
[de internet] hospedados no exterior. Sem integração, tanto dentro como fora do
país, essa luta não vai ser efetiva”, disse Barreto durante coletiva de
imprensa.
Pandemia
e uso de internet
De acordo com a
representante do Conselho Nacional dos Chefes de Polícia Civil Annie Barreto, o
isolamento social decorrente da pandemia tem feito as pessoas ficarem mais em
casa, ampliando o tempo de uso da internet.
“Em tempos de
pandemia, as crianças ficam mais tempos conectadas, motivo pelo qual os pais
têm de ficar mais vigilantes”, disse ela ao sugerir o uso de controles
parentais. “A criança raramente conta para os pais sobre os abusos porque, para
ela, é até difícil entender o que é abuso. O abusador faz a criança achar que
ela está errada. Por vezes até a ameaça. Isso é notado principalmente nos casos
em que ele [o abusador] é próximo da família”, disse Annie durante balanço da
operação.
Segundo Barreto,
desde 2107, 700 pessoas já foram identificadas e presas, durante operações
policiais, por esse tipo de abuso.
Luz da
Infância
A Operação Luz da
Infância 7 foi deflagrada com o objetivo de identificar autores de crimes de
abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes praticados na internet
no Brasil e em quatro outros países.
No Brasil, a
legislação prevê pena que varia de um a quatro anos para quem armazena esse
tipo de conteúdo. O compartilhamento de materiais desse tipo pode resultar em
penas de três a seis anos; e, no caso de produção de conteúdo relacionado a
crimes de exploração sexual, a pena varia de quatro a oito anos de prisão.
A operação cumpre
137 mandados de busca e apreensão em dez estados: Alagoas, Ceará, Goiás, Mato
Grosso, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São
Paulo.
Agência Brasil