A presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a
pesquisadora Nísia Trindade Lima, afirmou na manhã desta segunda-feira que a
produção da vacina contra a Covid-19 deve começar entre janeiro e fevereiro e
que a imunização da população deve ter início ainda no primeiro trimestre do
ano que vem. A Fiocruz vai fabricar a vacina da Universidade de Oxford com a
biofarmacêutica AstraZeneca quando ela for aprovada.
— A expectativa é que possamos encaminhar a vacina entre os
meses de janeiro e fevereiro para começar a produção. A Agência de Vigilância
Sanitária (Anvisa) irá acompanhar todo o processo. Assim, temos a expectativa
de que o processo de imunização (no Brasil) comece a ser feito no primeiro
trimestres de 2021 — afirmou Nísia Trindade Lima. — A imunização será um dos
processos para começar a mudar o impacto dessa pandemia que atingiu toda a
sociedade.
A declaração foi dada após um ato pelo Dia de Finados que
contou com a presença de 50 pessoas no Cemitério da Penitência, no Caju, Rio de
Janeiro. Foi inaugurada a pira — a “Chama da Esperança” —, que só será apagada
quando houver a descoberta de uma vacina. Parte das chamas foram levadas para a
Fiocruz.
— A chama na Fiocruz significa confiança no trabalho da
ciência, de iluminação para o trabalho de toda a pesquisa da nossa instituição.
Estamos trabalhando com a ciência para que essa mensagem de esperança se dê a
partir de testes e da vacina. O papel da Fiocruz está sendo conduzir a pesquisa
científica, reforçar o nosso Sistema Único de Saúde (SUS) e produzir as doses —
completou Nísia Trindade.
Responsabilidade
O ato foi realizado pelo arcebispo do Rio, Dom Orani João
Tempesta, que afirmou que a igreja apoia a ciência para a produção e a
distribuição das vacinas contra o novo coronavírus. O cardeal disse que “cada pessoa
tem liberdade” para aceitar ou não a imunização, no entanto, pediu que a
população se vacine.
— Não nos cabe julgar as pessoas em suas liberdades. Nos cabe
rezar para que possamos ter a vacina e aqueles que acreditam na validade da
vacina, possam receber e serem imunizados. A igreja nunca foi contra a vacina e
incentivamos a imunização de crianças e adultos. Mas cada um sabe da sua
própria vida e de sua responsabilidade — disse Orani.
Durante a homilia, o padre falou de esperança, fé e
perseverança. Afirmou também que “a vida não termina com a morte e que parentes
de vítimas da Covid-19 devem ter confiam em dias melhores. Muitos que estiveram
na cerimônia de finados não puderam enterrar seus parentes.
— Esse é um dia que temos que ser solidários com tantas
pessoas que sofrem nesse ano: com as famílias que perderam seus entes queridos,
que não puderam fazer o velório e entregá-los a Deus. (Por isso) rezamos a
missa. Acreditamos que a vida não termina com a morte. Rezamos, pois mesmo
aqueles que estão mortos estão vivos em Deus. Que as pessoas que perderam seus
entes queridos sigam a vida tomando todas as precauções.
O arcebispo falou sobre a pira:
— Tivemos a oportunidade de acender a pira, a luz. Parte
dela vai para a Fiocruz, onde rezamos para que nossos cientistas sejam
iluminados para a descoberta da vacina.
O Globo