O crime
ambiental que atinge o litoral do Nordeste brasileiro há mais de dois meses foi
avaliado e debatido durante este sábado (9) entre o Governo do Estado,
senadores, órgãos ambientais e entes envolvidos no enfrentamento ao
derramamento de óleo no Rio Grande do Norte.
O trabalho foi coordenado pelo
vice-governador Antenor Roberto e pelo senador Fabiano Contarato, do Espírito
Santo, que preside a Comissão Temporária Externa para acompanhar as Ações de
Enfrentamento às Manchas de Óleo no Litoral Brasileiro (CTEOLEO).
O
trabalho contou com dois momentos, uma visita a locais atingidos pelo petróleo
seguida de uma reunião técnica realizada na Governadoria. Inicialmente, a
comissão, que também contou com a presença dos senadores Jean-Paul Prates, que
é relator da comissão externa, e Zenaide Maia, além do deputado federal Rafael
Motta, coordenador da bancada federal potiguar, visitou a praia de Tabatinga,
em Nísia Floresta, um dos pontos mais atingidos no estado.
À
beira-mar, acompanhando o trabalho de membros da Marinha do Brasil e da
prefeitura local, a equipe técnica do Governo fez um relato para a comissão
sobre as ações tomadas desde os primeiros dias, como a formação do Gabinete de
Gestão Integrada (GGI) requisitado pela governadora Fátima Bezerra, a montagem
do Plano de Mitigação e Resposta de Desastre e o treinamento de mais de 400
voluntários, sob a coordenação da Defesa Civil Estadual e do Instituto de
Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema).
"O
acompanhamento diário que é feito aponta que não há chegada de novos materiais
ao litoral. Desde o início procuramos enfrentar, com articulação e trabalho,
todo o problema, até a montagem de um plano de mitigação e protocolos de
segurança que se mostram muito eficientes. Vamos fazer todo o esforço possível
também para trazer o menor prejuízo para a nossa economia", destacou o
vice-governador Antenor Roberto.
As ações
coordenadas pelo Governo, em parceria com entes municipais e federais, foram
elogiadas pelo presidente da comissão externa, que é composta por mais sete
senadores. "Neste primeiro momento o trabalho de mitigar os efeitos é
essencial. O plano montado no Rio Grande do Norte, como não vimos em outros
estados, mostra o empenho. Agora nosso papel é apurar de forma eficiente a
omissão da União, que é um fato. Queremos respostas", cobrou o senador
capixaba.
Indicado
para a relatoria da comissão, o senador Jean-Paul Prates afirmou que os
primeiros resultados do trabalho devem ser apresentados em breve. "Faremos
um relatório preliminar em dezembro e voltaremos para completar no ano
seguinte, para não deixar o assunto sumir do debate. Até agora não há
documentos ou informações concretas do Governo Federal e precisamos
cobrar", disse o parlamentar. "Precisamos também pensar na questão da
saúde da população e requisitar as ações do Governo Federal. Vimos que o
Governo do Estado montou um trabalho, com protocolos e ações, que os municípios
estão agindo, mas até agora pouco foi feito pela União", ressaltou Zenaide
Maia.
O
coordenador estadual da Defesa Civil, tenente-coronel bombeiro Marcos de
Carvalho, pontuou que o material recolhido das praias, que ultrapassa as 20
toneladas, está sendo acondicionado em local seguro até ter sua destinação
encaminhada. "Hoje temos só uma empresa no estado que é credenciada para
isso, mas está sendo articulada uma ampliação, incluindo nisso indústrias do
setor cimenteiro", reforçou o coordenador.
Já
durante a reunião no Centro Administrativo, com a presença de diversos órgãos como
o Ministério Público e o Ibama, organizações não governamentais e os prefeitos
Modesto Rodrigues (Tibau do Sul) e Stela Sena (Georgino Avelino) representando
os municípios atingidos, o grupo discutiu os efeitos socioeconômicos do
desastre.
O diretor
técnico do Idema, Werner Farkatt, destacou que já existe um trabalho conjunto
entre Governo, Universidade Federal do RN (UFRN) e Instituto Federal do RN
(IFRN) para realizar estudos e testes. "A valoração do impacto
socioambiental já está sendo feita em parceria com a UFRN. E junto ao IFRN
estamos encaminhando uma parceria para análise de água. O Idema está publicando
todas as informações diariamente", explicou o gestor.
A ação é
essencial para nortear o trabalho de garantia do acesso às praias e o trabalho
das 17 colônias de pescadores, com 12 mil pessoas envolvidas, que funcionam na
região atingida. "Estamos trabalhando para garantir um verão seguro, para
receber os turistas, também que os pescadores tenham seu sustento e o povo
possa consumir o pescado", completou Antenor Roberto.
Os
relatórios do GGI apontam que foram atingidos 43 pontos no RN, em 30 praias de
dez municípios potiguares.
Assecom-RN